Anda-se por inércia.
Deixa os passos
irem sem vontade.
Atropelado pelo cotidiano,
fala sozinho aos quatro cantos.
Primeiro pedindo,
depois clamando,
por fim implorando,
deixando sair de dentro de si
o ardente desejo de consolação.
Envolvido pela dor e almejando
a misericórdia do Ser Divino.
Sentindo-se em conflito
por tanto querer
o bem e ter o mal.
Temendo no fundo
a possibilidade
da ausência do bom Deus.
Sentindo-se tentado a descrer,
mas querendo muito acreditar.
Revoltando-se contra o mal
que tenta desacreditar o bem.
Odiando em sua imperfeição
tudo o que é mau
e perverso, por ser este
filho da inteligência
distorcida,
querendo ter
a suavidade de um cordeiro,
mas urrando como
um velho leão.