Escrito nas estrelas?!
Há quem afirme que o destino está traçado,
porém o inverso assim também há quem o diga.
Mas se o presente é presa fácil do passado,
qual o sentido em que ao futuro ele prossiga?
Sinceramente, o acaso é algo em que não creio,
também não tenho fé tão cega no destino.
Sábia medida, com certeza, é a do meio:
um tanto é sorte, o resto é risco e desatino.
Pode um amor estar escrito nas estrelas?
Uma paixão é inevitável armadilha?
Passei a vida olhando os céus tentando lê-las,
mas o alfabeto sideral não tem cartilha.
Desenganei-me por um tempo acreditando
que não havia uma inscrição em meu proveito.
Mas, mesmo assim, olhava acima, vez em quando,
a conferir se havia lido os céus direito.
E meu caminho, que era em si de todo errante,
por mais que torto, se alinhou cruzando o teu.
Algo interveio e aproximou o que era distante.
Não foste tu e eu te garanto, não fui eu!
Quando acontece algo sem ser por opção,
há uma suspeita que se instala e que se avulta.
Ninguém responde por um fato sem ação
e o tal destino acaba, assim, levando a culpa.
Que seja, então! Foi ele o autor dessa junção;
fatalidade foi estarmos frente a frente.
Mas não se sabe o que comanda um coração,
já que o restante quem urdiu foi mesmo a gente!
Assim, portanto, há uma verdade que pressinto:
lá nas estrelas, de paixão, há só rascunho
e cabe a nós tomá-lo às mãos, passá-lo a limpo,
para escrever o amor, enfim, de próprio punho.