NAVEGAR-TE

Não te quero, vento, que de mim não esperas
Mais do que tocar-te o afago invisível,
Não te quero sempre, nem sempre te quero,
Sei que navegar-te é rota impossível...

Não te quero, mar, que te sei inquieto,
Em vaivém de vagas, nascidas do vento,
Não me quero alar, porque o abismo é certo
E a queda iminente, no vulcão que aquento.

Quero-te só verbo, em condicional tempo,
Naufrágio dum beijo, na praia esquecido
E um nó eterno no peito partido...

Quero-te só espuma de vaga desfeita
Entre as minhas mãos, a perder afeitas
O cabo da esperança e do descobrimento...