Prazer e Dor
E depois de muito pensar
se afligir com idéias compulsórias,
para então concluir
o quanto é vã a hipocrisia
na sua produção de letras vazias.
O quanto é pobre a suposta riqueza
da oratória destituída de ciência.
É mero resíduo,
dejeto com destino no lixo,
ato que não induz à consciência.
E sem os próprios limites,
tirânicas são as paixões
que escravizam o espírito ao corpo.
Miserável fica a alma prisioneira
que, para nutrir o organismo biológico,
perde a sua real liberdade.
Infeliz é quem não tem
o equilíbrio de apreciar um sabor
sem tê-lo por vício.
Imaturo é aquele que crê
que no intenso gozo do desejo
está o prazer integral da vida.
Não tem atenção
que é pequena a distância
entre o prazer e a dor.
Este pensa ter tudo,
entretanto pouco tem,
ou então, nada tem.
São castelos de areia
dizimados pela correnteza
das águas marítimas.
São frágeis estruturas de cartas
derrubadas no primeiro sopro.
O tempo por vezes atua
como cruel feitor que chicoteia
com impiedade as ilusões.
É ser intolerante
que não empresta graça àquilo
que efetivamente não tem.
Pobre da criatura que se julgar
capaz de criar ou destruir
aquilo que apenas manipula,
com a ilusão de ser criador.
Pois que a ação é livre,
mas o efeito,obrigatório.