Desejos e Virtudes
Uma perdida manhã,
destituída das limitações do tempo.
No despertar, vivas sensações.
Além das percepções,
a imaginação recria o momento.
Um imaginário som de riacho
a desaguar em cachoeira.
Despojado de lugar fixo
divaga um ser
pela existência.
Pressente a força do amor
e sente o impulso celeste
para ser desperto pelo desejo
que lhe aquece o coração.
Acende-lhe a paixão,
apunhala-o a vontade.
Acusado por culpas,
vê-se como que caído
às portas do inferno.
Busca um caminho próprio,
não deseja ser amante
nem almeja ser eremita.
Pulsa no peito o coração
desejando se exprimir.
Teme por sentir
os fortes desejos,
teme o esvair da vida
se não senti-los.
Dividido na dualidade
que ora cria brisa,
ora cria vendaval.
Deixa de vagar
nas distâncias imensuráveis.
Gostaria que o que fosse bom
prevalecesse sobre o que é ruim.
Nesse instante ouve bater à porta.
Espreita e vê a filosofia.
Faz de conta que não está.
Melhor bebericar o gostoso café,
melhor saborear um bom pão fresco,
enchendo-se de cotidiano,
tentando descobrir o prazer
que pode ocultar
a simplicidade do dia-a-dia.
Fugindo das inquietações,
das emoções e ideias turbulentas.
Aprofundando-se na sua interioridade,
consegue pacificar seu espírito,
tendo a certeza da alma
que se vê desafiada
a conviver com o calor do corpo,
numa metáfora de confronto
entre arquétipos
de guerreira amazona
e seu potro bravio.