Adeus aos Medos
Lento despertar do raciocínio,
observa um calendário
com seus dias riscados.
Olha para o relógio,
mas as horas fugiram.
Temendo a estupidez da vida,
Acaba por concluir
que já sobreviveu a tantos dias,
eles se foram-e ele ficou.
Mesmo que momentaneamente
se vê como vencedor do oponente tempo.
Inquieta-se de vez,
agita-se com tal pensamento.
Quer beber algo.
Quer saborear alguma coisa.
Quer ligar o rádio,
Quem sabe, ligar a televisão,
quer fazer contato com o mundo,
não sabendo nisso haver
um sentido de atração
ou de fuga ocasional.
Inunda o ar com perguntas
uma tensão pacífica espalha-se.
Diverte-se com
suas muitas questões.
Distrai-se com
emoções e idéias perdidas.
Caminha solitário
no seu mundo encantado.
A noite caminha vagarosamente,
satisfaz-se com sua companhia,
confraterniza-se em afinidades,
confessa-lhe mágoas e obstinações,
livra-se assim
de um fardo indesejável.
Em meio aos azuis
da luminosidade noturna,
o incandescer vermelho
de seu coração inquieto.
Imprevista satisfação,
surpreendente felicidade,
um irresistível sorriso,
ao ver que velhos fantasmas
da sua intimidade
fugirem, ladinos, pela janela.