Doloridas Paixões
Sente dor pelas feridas emocionais
que foram cicatrizadas a ferro e fogo.
Quer romper,
mas não sabe como fazer.
Quer fazê-lo,
mas sente estranho apego.
Não quer abrir mão da posse,
não quer abandonar a conquista,
seria um egoísmo doentio.
Por que manter-se dono possuidor
daquilo que não deseja ter?
Um capítulo à parte
da mesquinhez das emoções.
Sente-se apegado,
quer reorganizar
o que parece estar perdido.
Como não vivenciar o patético sedutor ?
Reprime as próprias ponderações.
Não há como não reconhecer
a própria estupidez,
identificar a sua imaturidade.
Reconhece o temor
de enfrentar a realidade.
Pressente o romper em pedaços,
tenta reunir os inúmeros fragmentos,
mas estes aumentam a cada instante.
Melhor retroceder enquanto há tempo.
O instinto de conservação
avisa-o que a fuga é mais cômoda.
Quer amenizar suas dores
a qualquer custo,
até mesmo a própria covardia.
Isto não lhe faz bem.
Sente-se por um triz
estar além do limite
que se permite.
Existe um nó na garganta,
um peso no peito.
Os olhos querem romper
em lágrimas pelas palavras não ditas