Amor Cotidiano
Como trabalhar com impulsivas emoções?
Como cuidar do transbordar de sentimentos?
E o que fazer se a saudade a tudo incendeia?
Melhor clamar ao cérebro e salvar o coração.
Que fazer se existe um vazio que é oco,
se na solidão se alimenta um estar só intenso?
Resta a reflexão, reconhecer o veneno da rotina,
entender que as obrigações maculam a beleza.
Não se tem tempo para sentir,
não se tem tempo para si.
Não se tem tempo para o outro,
só se tem tempo para o trabalho.
É preciso não deixar os sonhos morrerem,
é preciso perder um pouco do senso de realidade.
É necessário acalentar certas ilusões,
a vida não se faz apenas por ser real.
A vida é além, é prazer injustificável,
é satisfação oculta nas coisas mais simples.
É um longo e demorado beijo,
é um abraço forte no entorno dos corpos.
Prisões emolduradas com enfeites em ouro,
gaiola adornada com os mais puros diamantes.
E o dia-a-dia de nada disso precisa, é sábio feitor.
Não manda por ordens, mas por astúcia.
Pontos em comum de todos nós.
É ver-se criança correndo sem preocupações,
é ver-se jovem, em paz com as paixões
e, então, transformar o grito em murmúrio.
Como não se perder um do outro
nos altos e baixos dos dias cotidianos?
Como não matar a sensibilidade?
Talvez por conta das luzes noturnas.
Talvez por conta da estrela noturna,
da lembrança que fala aos ouvidos,
da sua voz que ficou guardada,
junto do seu aroma e da suavidade de sua tez.