Dores da Ausência
Momento tolamente guardado.
Escravo da idolatria da saudade.
Preciosidade sem valor algum.
Pedra preciosa que se fez pó.
Agradável lembrança,
Presença etérea de alma
Que se fez compulsória.
Fantasma a assombrar a memória.
Em meio a densas sombras,
Pensamentos perdidos, sem direção.
Sentimentos desprovidos de propósitos,
Confusa e anárquica inquietação.
E o saudável ganha contornos de doença.
E o virtuoso se contamina de sórdido vício.
Precisando de companhia,
Escolhe a solidão dos ermitãos.
E então se esvazia,
Torna-se de todo oco.
Um abismo sem fim,
Um céu inatingível.
E toda a fragilidade do amor,
É desafiada por poderoso ódio.
Os desejos enfrentam a consciência.
Corpo e espírito medem forças.
A sensação de impossível vitória.
A provável derrota de alguma forma.
E dividindo-se, tornando-se quebradiço,
Fragmentados cacos de si.
Querendo forças para verbalizar,
Tentando um grito urgente,
Mas ficando de todo calado,
Consolando-se com o silêncio.