RUA NUA
Caminho ao final da tarde
por uma rua ao som
de uma flauta doce
cercado de abstrações.
Rua nua,
sem fuzis e lanças,
proibida e imaginária
Rua das casas, sem cercas e muros,
sem pombas brancas nos telhados,
ladrilhada de anônimas ilusões
Não se mira a imponência das montanhas,
nem as veredas coloridas, escondidas
no horizonte distante
À beira desses caminhos, passam em silêncio
almas serenas, calmas, pulsantes, inquietas
Que há atrás daqueles olhares lânguidos?
Será que há visões comuns distanciadas?
Serão iguais as nossas?
Pontilhadas de devaneios inconseqüentes
A lua exultante, no alto, sorri,
indiferente, admirando
eu e a rua
Sem rumo e sem prumo,
fantasiando de amar o luar.