A Ilha

A Ilha

Leve brisa que me reconforta,

Sob o olhar espraiado no mar que chega à ilha,

De areia quente, e água morna,

Quem me refaz o olhar perdido,

Nas curvas, de uma linha torta,

O cantar embalado do som africano,

Sai da caixa escura, pendurada na palmeira,

Abraçada no seu ramo.

O mundo sempre foi este contraste,

Belo, cruel, carinhoso e mau,

Lembrando os golpes fundos,

Da catana do meu traste.

Quis perder-me, e por momentos,

Encontro a minha rota,

Longe do mapa que conheço,

Nas areias da ilha, onde busco o sossego,

Paredes meias, com o meio do mundo,

Onde acordo, espantado com o destino,

E o silêncio do meu choro, dá um hino.

O aperto da terra quente por entre a mão,

Desfez-se em pó, e perdeu-se por entre os dedos,

Tal como tudo, tudo perdi, até o coração,

E hoje o respirar, é só o bater da máquina insensível,

Que me faz deambular por entre a multidão da praia,

E como por milagre, me torna invisível.

Nenúfar 1/5/2009

** Um poema na Ilha de Luanda.