A PRIMEIRA CARTA
(no dia da chegada ao Brasil - da filha para o pai)
Meu pai: esse pouco tempo passado
Foi pouco só no livro do calendário...
Mas de tempo sentido, vivenciado,
De um sofrer aflitivo, constante, diário.
Nada mais quero que sua mão e sua bênção,
Sua bondade na oração e no seu gesto,
Notícias que dêem paz ao coração.
Quero claro, lídimo e manifesto
O bom espírito que nos une, e além,
A sensível presença que do pai eu tenho,
E de dizer que até aqui, tudo foi bem,
E que a placidez venceu, pois contenho
Domada e segura a angústia também,
Pois com a fé, a esperança mantenho.
Este soneto é parte da história da migração da família Rodrigues da Madeira para o Brasil em 1952