Eu faço poesia, sem alarde.
Se falo do que vejo, aumento.
Se não vejo, invento.
Se falo do que sei, desaprendo.
Se, do que não sei, relembro o esquecido.
Nada, ao olhar, me escapa,
mentira ou verdade:
um único fato,
sempre real no meu verso,
indivisível retrato;
partes simétricas
de uma mesma realidade.
Nada do que escrevo é complicado.
Complicado é o que nunca escrevi,
o que nunca restou registrado:
o poema que, por medo, esqueci.
JL.SANTOS