PENAS DA POESIA

Não gosto de poucas palavras.

Sou a essência dos excessos.

Não reconheço a paixão sem a explosão dos beijos.

Vez por outra, acredito em atração fatal.

Eu, que já morri de amor por tantas vezes, às vezes

penso que o amor é coisa de outro mundo.

Disseram-me que paixão é pecado: luxúria.

Não existe perdão para um poeta!

Somente a anistia para os versos de gaveta.

O amanhã?... Quem sabe, outro poema?

Palavras, palavras, palavras! A madrugada é nossa

e veste os trajes das flores de abril.

As noites de outono me dizem tantas letras que

penso que todos os versos brotam na estação

das folhas secas.

O amanhã guarda o silêncio das canções.

Poesia?... Sim.

Amanheceu novo dia.

Lá fora os pássaros voam num bailado feliz de poesia.

Trinados, trinados, trinados!

Meus pássaros têm somente penas de poesia.

Palavras, palavras, palavras!

NATHAN DE CASTRO