SONETO NÚMERO 11 – abril/maio de 1952
Enfim, veio o dia do embarque num vapor misto,
Carga e passageiros. Nas mãos do prático
Aportou e a estiva lançou a embira. Nisto,
Descia a âncora e se desligavam máquinas.
Carga para lastrear, frutas do breu e xisto,
Baús e malas duras, das amarelas,
E a escada de corda, e o casal benquisto,
Há um fado na cabeça, uma abalroadela,
Desculpas, uma posição sem riscos,
Estudam-se as escotilhas e janelas,
Vêem-se despreparados e alguns ricos,
Acomodados, entre bolsas e panelas,
Lá de dentro da sua roupa de salpicos,
O capitão em todos vê u’a só aquarela...
Partida dos migrantes da Ilha da Madeira para o Brasil, num barco vindo da Itália que captava passageiros pela trajetória.