Voo Sobre o Abismo
Foi aqui que parei, a dois passos do abismo,
Um buraco sem fundo, onde voo, largado do mundo,
Uma fórmula fácil de riscar a sorte,
Que me largou num turbilhão,
E me fez evaporar no espaço, em bolinhas de sabão.
Só o estalar dos dedos me traz à realidade,
Onde caio desamparado,
Será sina? Será meu fado…
Que não endireita a mente,
E me torna ora guerreiro, ora ausente.
Li notícias de outro mundo,
Onde me pus em viagem sem destino,
Na poeira desta estrada, onde choro sozinho,
Talvez encontre o trilho,
Talvez seja só mais um sarilho,
Talvez seja uma caminhada sem fim,
Uma ida sem volta,
A coroar o destino, desta vida torta!
Meus pés continuam a palmilhar a areia,
E os passos logo se apagam,
Como se não fosse o caminho,
Limpo pelas ondas da maré cheia,
Uma mensagem, um sinal para a jornada,
Ninguém me segue, sou só eu,
Agarrado em minha almofada,
E o sonho continua a embalar a mente,
E o meu mundo continua no sonho,
Numa dor que não se sente.
Nenúfar 23/3/2009