Saudade da minha terra
Certa vez fui a passeio
pr´um lugar longe e afastado,
com verde em volta e no meio;
mato por todo lado!
Do agito, fiquei alheio,
pois de agito estava cheio;
queria estar sossegado.
Tão logo o convite me veio
aceitei-o sem receio
e não me fiz de rogado.
No início tudo foi lindo!
Ah, meu Deus! Que sensação!
O ar puro me invadindo,
afagando meu pulmão.
No céu, estrelas luzindo
qual chuva de prata espargindo
mil brilhos na imensidão.
E os grilos eu ia ouvindo
no anoitecer já caindo
como se fosse canção.
E o povo desse lugar,
gente simples, mas cortês,
fez festa ao me ver chegar,
mas tanta, vejam vocês,
que quase me fez chorar.
Como não se emocionar
co´a festa que o povo fez?
Me franquearam seu lar
pra que eu fosse desfrutar
ao menos por uma vez.
E, assim, passaram-se os dias
e eu, ali; e coisa e tal...
Só que nada acontecia
era tudo sempre igual.
Meu Deus do céu! Que agonia!
Aquela monotonia
era tortura infernal.
E outra opção não havia,
se tinha sol ou chovia
era um marasmo total.
Daí, bateu-me a saudade
do lugar onde eu nasci;
da minha louca cidade,
seu insano frenesi.
De dia ela pulsa e arde,
e à noite nunca é tão tarde,
de tudo sempre há por ali.
Ela é dura, é bem verdade,
mas esbanja qualidade
pra quem sabe descobrir.
Então, voltei num instante,
como quem foge da guerra.
Onde eu vivo é estressante
mas o que é bom cá se encerra.
E sou filho de um gigante,
valente, forte e pujante,
que não perdoa quem erra.
Cá se forja a todo instante
gente briosa e vibrante.
Eu não troco a minha terra!