Majestosa, adentrou como uma Deusa aquele restaurante, atraindo -irresistivelmente- os olhares dos presentes, com a força magnética que explodia em seu andar; em seus poros, no perfume que exalava, espalhando não se sabe de quê maneira aquela presença que penetrava nos olhares, nos olfatos e nos tesões, se apossando -momentâneamente- dos corpos e das almas de cada um dos presentes. Um silêncio respeitoso então se fez quando ela sentou-se -com seu porte de rainha- numa mesa previamente reservada pelo seu amigo Sombra, que, por motivos alheios a sua vontade, havia se atrasado.
Ao entrar minutos depois ele percebeu, claramente, o que havia se passado com a chegada daquela mulher extraordinariamente atraente; desacompanhada, cobiçada pelos homens que estavam presentes, invejada pelas mulheres, e, admirada pelas crianças que se maravilhavam, totalmente deslumbradas...
Almoçaram, relembrando fatos acontecidos naquele mesmo restaurante( "Coisas de mulheres" ), com a emoção à flor da pele pelo reencontro após tanto tempo separados, desde a última vez, naquela livraria...
O desejo que havia entre Sombra e a Madame era algo quase sobrenatural, impossível de ser colocado em palavras; impossível de ser sentido no dia a dia; impossível de existir corriqueiramente. Era, vamos dizer assim, uma fome total; fome de olhar, de tocar, de conversar, de alisar... Fome além do sexo, numa vontade de se fundir; numa vontade de desaparecer como indivíduo e transformar-se num outro ser, repartindo o mesmo espaço, o mesmo tempo, numa jornada que levaria, inevitavelmente, à eternidade. Sabiam-se, indelevelmente unidos, houvesse o que houvesse; sem a menor possibilidade que alguma coisa pudesse separá-los...