ESCONDIDA
Escondida no ventre da vida que gera
Os martírios, os uivos de felina fera,
Sou erva maninha em seara daninha,
Flor nocturna,
inocente bruma...
Escondida no átrio da estepe batida
Por ventos que vergam as ondas em ferida,
Sou leoa faminta, alerta e hirta,
Grito de revolta,
culpada afronta...
Escondida guardo o bem e o pior,
Caixa de Pandora do mal e melhor.
Se me ouso abrir sou vulcão de sentir,
Se me acanho e fecho
Castro o meu desfecho...
Contida...
Sou dócil, mansa,
cria inofensiva...
(E os defeitos que tenho
são as minhas virtudes
levadas ao extremo...)