UMA VIDA POR VIVER-TE


Amor, deixei de mim
uma vida por viver-te...
Senti-te... sim:
no beijo de aprender-te,
na carícia desenhada
a lábios de namorada,
nos recantos de um jardim...

Mas perdi-te
num leve bater de cílios,
e, num entreabrir de convite,
aceitaste os meus exílios:
soltaste o calor do enlace,
beijaste-me a face...
cerraste o véu do limite.

E partiste... e eu parti...
Deixaste comigo os beijos
que engravidei de ti:
não quis viver os desejos,
abortei-os em carne viva,
afoguei-os, fiz-me cativa
duma vida que desisti...

...Uma vida por viver-te,
amor, morri por querer-te,
mas salvei a parte melhor:
a saudade de um terno amor...


(Carlos Stopa, tomei de ti a inspiração para o título, lendo o teu belo poema "Uma existência para viver-te"... Obrigada, sempre...)