Nós, de olhos fundos e de macilenta sorte,
mal servidos de ilusões e de falsidade,
ausentes de futuro o mesmo de amizade,
de angústia contagiosa presente até a morte.
Incautos por hábito e por necessidade,
mais voltados à rebeldia do que à brandura,
devotos do silêncio e da fantasia escura,
carentes de vis crenças, de felicidade.
Fanáticos por ilusória realidade.
Dignos de descrença e de maléfica fama.
Inimigos da hipócrita afinidade.
Eis o que somos nós, quando doentes na cama,
um só de nascença, vários de sociedade,
e nem a menor parte de um, quando não se ama.