Intimidades
Meus olhos param vendo a dança da fumaça
que este cigarro solta a esmo pelo ar,
ao mesmo tempo em que ela ri fazendo graça,
dando e tomando mil carinhos sem parar.
Assim o tempo se retarda; ele não passa,
não quer seguir, então caminha devagar.
E o ar se escora num embaço na vidraça,
úmido e quente, carregado de ofegar.
Ah! Como é bom amar sem culpa, amar sem drama,
sem ter senões, sem se perder em mil porquês.
É doce o som dessa voz rouca que me chama
sem esboçar traço nenhum de timidez.
E ela se enrosca com amor em mim na cama.
Seu corpo vibra e ela me quer mais uma vez.