Caipirinha do FariaEm qualquer receita o segredo, que é sabido por toda gente, está em fazer a escolha a dedo de cada um dos ingredientes. Que se tenha bem abundante açúcar bom e refinado. Nada de mel ou adoçante ou mesmo leite condensado. Por certo, que não se dispensa a escolha exata dos limões; pequenos, de casca não densa, macios pra dar-se apertões. Pra garantir o resultado de tudo aquilo que se faça, Não se pode ser acanhado: abuse e use da cachaça. Nem pense que toda a aguardente é igual, disso pode estar certo. Pois não se arrisque: experimente todas que estiverem por perto. Quando se toma uma purinha é que se sabe seu valor. Só cuide, então, da caipirinha quando a pinga lhe der calor. Todo capricho é essencial quando se quer ter mais esmero. E um toque bem original é canela em pó pra tempero. Vá ao seu refrigerador enquanto ainda pode vê-lo. Não há influência no sabor, mas é preciso muito gelo. Apanhe dois copos lavados, um portentoso socador e uma faca com corte afiado. Mas use o cabo, por favor. Encha um dos copos pela borda com a cachaça preferida. O que não lhe mata, engorda! Vá bebendo durante a lida. Noutro copo ponha no fundo muito açúcar - mas de montão! Não se leva nada do mundo, que fique bem doce ele então. Corte ao meio uns três limõezinhos. Não tire as cascas. Isso não!É o branco que está no meinho que pode amargar a poção. Recolha todos e assim jogue por cima do açúcar na taça. Mesmo que esteja muito grogue beberique mais da cachaça. Mire bem no meio e então soque; soque até verter todo o sumo. Pegue mais cachaça e coloque. Misture assim tudo, em resumo. Salpique com mão moderada a canela na beberagem. Não coe! Bebida coada parece muita viadagem. Essa é a hora de pôr o gelo - tome o resto de sua pinga! Isso é de arrepiar os pêlos: sua caipirinha está linda! Na borda do copo pendure uma casca deixada à mão. Será infinita enquanto dure essa batida de limão.