ARosa que me deste


A rosa que me deste
Era  veludo fresco
De rubro vivo
De amor colhido
Denso e profundo
E assim vivido
Terno e perfume
Bebeu da seiva
Da rosa e beijo
Paixão solfejo...

Em vaso frágil
Instante e quase
Desabrochou
Abriu o odor
Perdeu a cor
E assim cortada
Do tempo escrava
Secou o viço
Morreu-lhe o riso
Perdeu feitiço...

E
Pétala por pétala,
Desfolhou-se em lágrimas...

                                                            Ainda quentes

                                  Ainda rubras

                                                     Sangue e profusas
       Veludo e feridas...

Pétala a pétala
Desfez-se em pranto
Fez-se cadente
Despiu o enfeite
Vestiu nudez
Restos de nós
Estames sós
Estigmas secos
Sépalas órfãs
...Mas frutos sãos...