Desagravo
Faço o desagravo na minha mente,
Na busca da razão, de um sonho ausente,
Não encontro o rumo nem inspiração,
E mergulho num rio pouco claro,
Por entre as linhas da minha mão.
Sinto um sabor despojado e amargo,
De um copo que provei, e ainda me sabe a fel,
Não conheço a minha sina, e o segredo são as linhas do papel,
Onde lanço a amargura, e crucifico a vida sem aura,
Sem oiro, sem flores, e sem anel.
O coração chora encantos perdidos,
E meu rosto perde o rosado de tempos idos,
Resignado o corpo, de tanta dor, já não sente,
E tanto faz se veio o Sol, ou se está vento;
Deixei a sorte e o mundo, num tormento,
E o pairar da brisa sobre o meu muro,
Acorda-me do sonho, e levanta um corpo duro,
Que me leva à batalha sem tropas,
Num novo dia cinzento, e o bom dia, é um lamento,
De mais um sol que passa sobre a alma no escuro!
Nenúfar 24/11/2008