SEMPRE QUE DEZEMBRO CHEGA
(Dia 8 de Dezembro, dia santo, faz anos que a minha filha nasceu. Vinte e três... e os dois anos que a tive comigo, parecem-me sempre tão breves e luminosos como o Domingo daquele Dezembro, tão cheio de luz e azul cristal... e gorjeios inocentes de passarinhos que se deixaram ficar no Inverno, só para a saudar... naquele Domingo de louvor e Sol...)
Sempre que Dezembro chega
E te derramas em saudades
De chuva fria e gemente,
Sinto o Sol daquele dia
Em halos de divindade
A aninhar-me a alma caída...
E o vento sopra-me as feridas
Pungentes do recordar,
Assobia-me as cantigas
Dos meus beijos de mimar...
Quando Dezembro chega
E gela as lágrimas que esbanjo
Sobre a terra fria e serena...
Sinto flocos de neve caírem
Como penas de asas d'anjo
E a minha alma roçarem...
E os carinhos que nela moram,
Desistentes de migrar
Piam dores que alimentam
Uma canção de ninar...
...e o nevoeiro fia-me o linho
do sudário onde medito
o rosário do carinho
que eternamente repito...
(A Diana Maria - 08/12/1985*22/12/1987)