MISTÉRIOS DA LUA
Àquela hora o cerimonial da Vida entrava em tempo de reflexão e louvor. Meditava-se um mistério glorioso em cada estrela a apagar-se no desmaiar da noite, a fundir-se no raiar do dia...
Um friozinho de cristal fixava as cores diáfanas da manhã nascente. E a poente, erguida sobre a patena da Terra, em silêncio de reverência, a Lua Cheia... Tomada da cor e da forma do Pão de dádiva divina, como hóstia grandiosa, oferecia-se à fé dos olhares puros...
O Sol chegou, em êxtase de adoração...
Os pássaros entoaram um coro de sé...
.....E a Lua entrou em declínio de adeus, aproximou-se mais da Terra, beijou a linha de horizonte da encosta enfeitada a brocado de Outono e Douro...
Ainda branca, como que pintada de pedra e cal, ainda majestosa, parecia agora uma capelinha alva, uma ermida pousada no cimo da colina, em louvor do Dia que se iluminava...
(...mas bastou desviar o olhar, quebrar o momento, para se partir o encanto... e, ilusão e Lua, serem submergidas pela urgente rotação do Tempo...)
Peso da Régua, 12 de Novembro de 2008 - 07:00 h locais