BEIJO: RUBENS GERCHMAN (Fonte: Google)

CHUVA DE BEIJOS


Se eu fosse beijar teu rosto,
tal chuva (uma alegoria!),
te olharia e isto posto,
por onde eu começaria?
Pela testa, lá no alto,
pela raiz dos cabelos;
não chegaria de assalto,
deslizaria em desvelos...

Sentiria a tua pele
e desfaria a tensão;
seguiria o que me impele,
como chuva de verão.
Lavaria os olhos teus
das tristezas e seria,
como o fim de algum adeus,
arco-íris e alegria...

E qual gota se eterniza
cristalina e vacilante,
beleza clara e precisa
suspensa no breve instante,
banharia o rosto inteiro
com meus beijos, feito pingos
espalhados nos outeiros
-a poesia dos domingos!

Da pontinha do nariz,
olharia o precipício
da tua boca que diz:
-Vem! Te ofereço o início;
a porta da minha alma
e, do meu corpo, o caminho.
-Vem! E me beija com calma:
traze o sonho que adivinho!



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