Na Beira do Caminho
Vencido, regressei despojado de tudo,
Com meu olhar incrédulo;
Caminho ao Deus dará, por um caminho duro,
Com a garganta seca, que me faz mudo,
E a vontade perdida, numa guerra fratricida,
Onde meu engenho não bastou,
E meu empenho caiu, e não voltou;
Perante a sorte das cartas,
E a surdez do mundo, de bocas fartas,
De ideias e considerações,
Que não aliviam o fardo,
E me inundam de questões.
Na beira do caminho, olho um vulto,
Sentado, com o olhar fixo no nascer da madrugada,
Pergunta-me, se lhe descodifico o mapa,
Que sua mão segura, com afinco,
E seu dedo percorre um risco no papel,
E me diz com um sorriso, e o brilho do seu anel,
“Quero ir para o futuro, que fica deste lado,
Faz-me companhia, levo um pouco do teu fardo!”
Olho a multidão, e tudo é vazio em redor,
Perguntei à minha mente, meu Capitão Mor,
Se aquele risco é o meu caminho,
Se o sorriso é um sinal,
Ouvi um sim, o prenuncio de uma resposta na batalha,
Que talvez tenha escrito um novo final.
Nenúfar 21/10/2008