Sou a sua tempestade
Que lhe encanta com seus raios,
Ventania que lhe invade
E provoca os seus desmaios...
Sou a força natural
Que lhe molha por inteiro
Sou seu bem, um marginal,
Uma agulha no palheiro...
Me conquiste e me procure
Pelas ruas dessa vida,
Venha mansa, não misture
O amor com a comida...
Sou a cura do seu mal
Sou a sopa do mendigo,
Minha letra em seu quintal
São garranchos... Mas nem ligo.
Sou trovão a lhe assustar
Sou o seu desassossego,
Vou fazer você mostrar
Qual a face do morcego...
Sou a pedra dessa chuva
Que lhe fere a emoção,
Sou o doce dessa uva
Que lhe adoça o coração...
Sou a tinta da caneta
Sou o verso do soneto,
Sou a mão na maçaneta
Bagunçando o seu coreto...
Sou a casa que caiu
Os destroços da tormenta,
Sou os olhos que não viu
E o pingo de água benta.
Sou o dono dessa flor
Que se abre só pra mim
Vou cheirá-la, meu amor,
Vou plantá-la em meu jardim.
Sou a sua tempestade
Que balança essa roseira,
Vou deixá-la com vontade
De sonhar a noite inteira...
Eu vou ser a sua caça
Ao invés de caçador,
Vou sorrir da sua graça
Me querendo...Seu amor.