AO SOL DO ANOITECER
A luz desse ocaso
entra pelos escaninhos
de minha alma.
E sou essa folha adormecendo
entre os musgos,
filha de tantas raízes fendidas
pelos terremotos da vida
e os ventos dos crepúsculos.
Tenho um gosto de eternidade na boca.
E um coração feito nuvem,
espargindo-se pelos céus.
Desmembrado em branco e gris
mas dourado pelo poente,
harmonizando certezas incoerentes
para ser, do meu próprio anoitecer,
água, vida... raiz.
(Foto: Eduardo Bittencourt Pinto)