Debruça-se o teu olhar
Acalentando saudades
Nesta noite em que te abraças
Ao reflexo da tua solidão
Abriga-te a incerteza
De poder ver-te em meus olhos
Voltas-te ao céu repetidas vezes
Passos dispersados ao vento
Mãos descrentes e súplices
Supondo-me ausente
Pairas entre lembranças
Enquanto todas as estrelas
Despem-te da penumbra do teu rosto
Talvez busques a razão nítida de tudo
Quando me abres a porta do sonho
E todos os teus gestos confessam
A tua espera e este amor
Que me pronunciam em teu corpo
Reclamando-te a minha posse
À tua volta, o mar azul bramindo
Sobre as vagas, o teu pensamento
E a aparente recusa do meu tempo
Que pensas não te pertencer
Não há longe, onde me imaginas
Se é em teu peito que repouso
É nele onde me deito
Lânguida e esquecida de mim
É teu coração que alicia meus silêncios
Deixando pulsar em ti
A caligrafia dos meus segredos e sonhos
Fernanda Guimarães
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