A Chuva cai,
Leve, miúda,
Quase tímida,
Como carícia de amante
Em preliminar idílio...
A Terra recebe-a,
Sedenta, carente,
Oferece-se inteira,
Como sedutora amante
Em subtil atracção...
A Chuva aperta o abraço,
Lambe, afaga,
Languidamente firme,
Delineando rios,
Sulcando trilhos...
A Terra absorve, em êxtase,
Enamorada e fértil,
Generosamente ávida,
Suga a cadência que cresce,
Abrindo-se à Vida,
Fundindo-se, húmida...
O ritmo entontece...
A Chuva enlouquece,
A Terra estremece,
Em lasciva paixão...
E a vibração desse enlace
É orgasmo e essência
Da renovação...