(Pois é, amigo Lucas, eu e você sabemos muito bem
quais são os políticos que retrato nestes versos.
Ah! pensando bem, todos têm pelo menos um
que se encaixa no perfil aqui descrito...)
Onde foi que meteram aquela escola
Alguém sabe onde tá seu paradeiro?
E a quadra pra gente jogar bola
Vão dizer que foi culpa do pedreiro?
Quatro anos depois, só desespero:
Aí lembram da gente... é tudo igual.
Nessas horas o bando de traíra
Tá de volta, beirando o meu quintal
Vem mansinho trazendo outra mentira:
Como podem ser tão cara-de-pau?
Procurando um jeitinho de enganar,
O canalha se achega, sorrateiro.
Conta prosa animada e, se brincar,
É capaz que ofereça até dinheiro:
“Vou trazer a picanha... e com tempero!
No lugar da escolinha, a faculdade!
Bom emprego pra quem tá sem serviço,
Esse é meu compromisso de verdade...”
E se alguém duvidar de tudo isso
Ele invoca a Santíssima Trindade!
Basta a gente escutar tudo calado
Pro danado se achar dono da gente;
Nesse caso é que nem diz o ditado,
Pois aquele que cala é quem consente.
Mas se o povo for mais inteligente
Vai mostrar que não quer isso de novo.
E a gente precisa dizer não!
Quem me pisa ou derrubo ou eu promovo,
Pois quem paga o salário é que é patrão...
Nesse caso quem manda é o próprio povo!
Toda vez que aproxima outra eleição
Vem com ela uma leva de golpista:
Um em nome do pai; outro, do irmão,
Com sorriso de capa de revista;
Tem aquele que lembra o ilusionista,
Mais esperto que o próprio Mister M,
Faz promessa de chuva onde tem seca
E pro calvo promete um novo creme,
Tem remédio pra cólica, enxaqueca
E, ao falar da pobreza, chora e geme.
Pelas ruas é tanta santidade
Que não dá pra saber mais quem é quem.
Um dizendo que só fala a verdade,
Que só ele é quem presta e mais ninguém;
Já o outro jurando que não tem
O que o outro encontrou na sua mão
E no meio de toda a palhaçada
Fica o povo confuso e sem ação.
Na bagunça ninguém sabe mais nada
E acaba elegendo outro ladrão.
Buritizeiro, 1/8/2008 – 18h