CALOR PROFUNDO
Velam-se as sobras: o espaço morto na tela
Vem nessa estática função, ditam o assunto
A encaixar-se entre os pés derretidos das velas,
Faz pensar da superfície: é ou será o conjunto
Dos escorridos fios sebáceos, derretidos
Ao silêncio dos culpados, velhos presuntos
Sem formol, bálsamos, buscam fazer o vivo...
E apodrecem sem dignidade de defunto.
Sobra de parafina, raspas utilizadas
Centenas de vezes, ao certo há de se ver
Chegado um dia em que a lava caída é memória...
Raro corpo à alma inflama, tudo aí se evapora :
Não terá onde espalmar-se e enrijecer; guardada,
A alma que ama aquece à sua volta o fenecer.