Vou-me embora pro passado, No rastro da Bandeira de Manoel! Vou-me embora pro passado! Lá, sou amigo do Rei. Lá tem coisas daqui, ó... Roy Rogers, Buck Jones, Rock Lane, Doris Day...
Vou-me embora pro passado! Vou-me embora pro passado, Porque lá é outro astral! Lá tem carros Wemaget, Jeep Willis, Maverick Tem Gordini, tem Buick Tem Candango e tem Rural.
Lá dançarei Twist, Uli Gulli, Ye ye yê... Lá é uma brasa, mora! Só você vendo, pra crer! Assistirei Rin-Tin-Tin, Ou mesmo Genny é Um Gênio, Vestirei calças de Naycron, Far West, Dura Bem,
Tecidos sanforizados, Tergal, Percal e Ban-Lon! Verei lances de anágua, Combinação, Califon, Escutarei Al di Lá, Dominique nique nique, Me fartarei de Grapetti Nas farras dos piqueniques!
Vou-me embora pro passado!
No passado tem Jerônimo, Aquele, Herói do Sertão! Tem Coronel Ludugero, Com Otrópi, em discussão! Tem passeios de Lambreta, De Vespa, de Berlinetta, Marineti... e lotação!
Quando toca Pata-Pata, Cantam a versão musical Tá com a pulga na cueca, E dançam a música sapeca O Papaum Mau Mau! Tem a turma prafrentex Cantando Banho de Lua, Tem bundeira e piniqueira Dando sopa pela rua,
Vou-me embora pro passado!
Vou-me embora pro passado Que o passado é bom demais! Lá tem meninas quebrando, Ao cruzar com um rapaz!
Elas cheiram a pó de arroz Da Cachemir Bouquet! Coty ou Royal Brial, Colocam Rouge e Laquê, English Lavanda de Kingsor, Ou Helena Rubinstaen!
Saem de saia plissada Ou de vestido tubinho, Com um jeitinho encabulado, Flertando, bem de fininho!
E, lá no Cinema Rex, Se vê broto, a namorar, De mão dada com o guri, Com vestido de Organdi, Com golas de Tafetá!
Os homens lá do Passado Só andam tudo tinindo! De Linho Diagonal, Camisas Lunfort, a tal, Sapatos Clark, de cromo, Ou Passo Doble , esportivo, Ou Fox, do bico fino.
De camisas Volta ao Mundo, Caneta Cheifers no bolso, Ou Park Cinqüenta e Um... Só cheirando a Áqua Velva, A Sabonete Gessy, Ou Life Boy, Eucalol! E, junto com um espelhinho, Um pente Pantera ou Flamengo, E uma trunfinha no quengo, Cintilante, como o sol!
Vou-me embora pro Passado, Lá tem tudo o que há de bom! Os mais velhos ainda usam Sapato branco e marrom! E chapéu de aba larga, Ramezonni ou Cury Luxo, Ouvindo Besa-me Mucho, Solfejando a meio tom!
No Passado é outra história, Outra civilização! Tem Alvarenga e Ranchinho, Tem Jararaca e Ratinho Aprontando a gozação!
Tem assustado a Vermuth, Ao som de Valdir Calmom! Tem Long Play da Mocambo, Mas Rosemblit é o bom!
Tem Albertinho Limonta, Tem também Mamãe Dolores, Marcelino Pão e Vinho, Tem Bat Masterson, tem Lassie, Túnel do Tempo, tem Zorro, Não se vê tantos horrores!
Lá no Passado tem corso, Lança Perfume Rudouro, Geladeira Kelvinator, Tem rádio com Olho Mágico, ABC, a voz de ouro!
Se ouve Carlos Galhardo, Em Audições Musicais! Piano Ao Cair da Tarde, Cancioneiro de Sucesso! Tem também Repórter Esso, Com notícias atuais!
Tem petisqueira e bufet, Junto à mesa de jantar! Tem biscuit, tem bibelô, Tem louça de toda cor, Bule de ágata, Alguidar,
Se brinca de cabra cega, De dama, de garrafão, Comaniboy, balinheira, De rolimã na ladeira, De rasteira e de pião!
Lá também tem radiola, De madeira e Baquelita. Lá se faz caligrafia, Pra modelar a escrita!
Se estuda a Tabuada De Theobaldo Miranda, Ou, na Cartilha do Povo, Lendo “Vovô viu o ovo”, E a Palmatória é quem manda!
Tem, na Revista O Cruzeiro, A beleza feminina! Tem misses botando banca, Com seu maiô de Elanca, O famoso Catalina!
Tem cigarros Iolanda, Continental e Astória! Tem o Conga Sete Vidas, Tem Brilhantina Glostora! Escovas Tek, Frisante, Relógio Eternamatic, Com vinte e quatro rubis, Pontual, a toda hora!
Se ouve Página Sonora, Na voz de Ângela Maria! Será que eu sou feia? Não é, não senhor! Então eu sou linda? Você é um amor!
Quando não querem a paquera Mulheres falam: Passando, Que é pra não enganchar! Achou ruim? Dou um jeitin! Pise na fulô e amasse! Hi... olha o bofe! Quizila! Mas o homem não cochila! Passa o pano, com o olhar!
Se ela toma Postafen, Que é pra bunda aumentar... Ele impina o polegar E faz sinal de Tudo Xis, E vai dizendo: Ô maré! Todo boy, mancando o pé, Insistindo em conquistar!
No Passado tem remédio Pra quando se precisar! Lá tem doutor de família, Que tem prazer de curar!
Lá tem Água Rubinar Melpoejo, Asmapam, Bromil e Capivarol, Arnica, Fimatosan, Regulador Xavier, Tem Saúde da Mulher, Tem Aguardente Alemã!
Tem também Capiloton, Pentide e Terebentina, Xarope de Limão Bravo, Píluas de Vida do Dr. Ross Tem também, aqui pra nós, Uma tal Robusterina, A saúde feminina!
Vou-me embora pro Passado, Pra não viver sufocado! Pra não morrer poluído, Pra não morar enjaulado!
Lá não se vê violência, Nem droga, nem tanto mal! Não se vê tanto barulho, Nem asfalto, nem entulho, No Passado, é outro astral!
Se eu tiver qualquer saudade, Escreverei pra o Presente! E, quando eu estiver cansado, Da jornada, do batente,
Terei uma Cama Patente Daquela, do Selo Azul, Nun quarto calmo e seguro, Onde lá, descansarei! Lá, sou Amigo do Rei! Lá tem muito mais Futuro! Vou-me embora pro Passado!!!
Sobre o Livro e o Disco:
Prosa Morena
Terceiro livro de poemas e canções do poeta paraibano Jessier Quirino, pela editora Bagaço, Prosa Morena reúne 58 poemas em linguagem matuta, com diversas palavras inventadas pelo autor, e também um conto humorístico com o seu personagem chamado "Mané Cabelim", em 122 páginas.
Acompanha um Cd, com 14 faixas, entre músicas e poemas declamados. Simplesmente imperdível!
Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983. Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino. Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis. Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras. Interessado na causa poética nordestina persegue fatos e histórias sertanejas com olhos e faro de rastejador. Autor dos livros: “Paisagem de Interior” (poesia), “Agruras da Lata D`água” (poesia), “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), “Prosa Morena” ( poesia e acompanha um pires de CD ), “Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão” ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, o livro: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha um pires de CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes – todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos.
Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada.
Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público.
Nos espetáculos com fundo musical, apresenta-se acompanhado de músicos de primeira grandeza, entre os quais, dois filhos, que dão um tom majestoso e solene ao recital. São eles: Vitor Quirino (violão clássico), André Correia (violino) e Matheus Quirino (percussão). Os músicos Letinho (violão) e China (percussão) atuam nos espetáculos mais elaborados. Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário. Sobre Jessier, disse o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo: "...talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. ... Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica."
Mais Informações:
Depois da publicação do primeiro livro em 1996, pelas Edições Bagaço do Recife, o poeta vem defendendo sua poesia a golpes de declamações em tons solenes e brincativos, fato que já lhe rendeu fama e respeitabilidade no meio artístico e literário. Atualmente concilia sua condição de arquiteto autônomo, com uma agenda artística de vôos cada vez maiores, espalhando nordestinidade Brasil a fora. Espetáculos em convenções. Principais empresas: Chesf Fiat do Brasil Volkswagen do Brasil Banco do Brasil Banco do Nordeste Senai Sesc - Senac Federação das Industrias – PB, PE. Coca-Cola - Brasília Sebrae – Brasília Ministério Público - PE. AMATRA - PE AMEP - PE Hospital Esperança - Recife Cachaça Carvalheira - Recife Pitú Iquini Copergás Conf. Nac. dos Transportes de Carga Embasa – BA. Detran – PE Emater Embrapa Colégio Motiva – PB Centro de Ensino Integrado – Natal Tribunal de Contas da União - PB Tribunal de Justiça - PB Colégio Equipe FOOCA- Olinda UFPB UFPE UFRPE
Entre lançamentos de livros, espetáculos e recitais para convenções de empresas e ou encontros de repentistas e atividades culturais, podemos destacar algumas, quais sejam: Teatro Guararapes - Recife nos dos 77 anos do Jornal do Comércio. Teatro Guararapes – Recife Congresso para Senai – Olimpíada do Conhecimneto. I Feira Internacional do Livro - Centro de convenções Recife. II Feira Internacional do livro - centro de convenções XIII Congresso Brasileiro de Teoria e Crítica Literária. - Campina Grande Recital no teatro do transatlântico Mrs.Leeward em cruzeiro marítimo, para a convenção da ABRACAF ( Assoc. bras. de conc. Fiat ) Recital no Espaço Brasil - hall da embaixada brasileira em Barcelona na Espanha. Teatro Guararapes - convenção do Bureau Jurídico de Pernambuco. Encontro da Justiça do Trabalho de Pernambuco AMATRA - Hotel Blue Tree Park Pe. Além de outros shows para a justiça do trabalho. Congresso - Brasil de Campeões - Banco do Brasil - Costa de Sauípe Ba. Congresso da AMEP Recital para amigos do Hospital do Coração em São Paulo. Salão de eventos da Churrascaria Rubayat Alameda Santos SP. Recital para Confraria Maurício de Nassau SP. Recital para o Clube de Campo de São Paulo - Interlagos SP. Recital de confraternização da CocaCola do Brasil - Casa da CocaCola lago sul Brasília Recital de confraternização SEBRAE - Espaço Flamboyan Brasília. Recitais em congressos de repentistas, aulas espetáculos em colégios e universidades, programas de rádio e TV. Espetáculos: Teatro Santa Rosa – João Pessoa Teatro Paulo Pontes – João Pessoa Teatro Santa Isabel – Recife Teatro do Parque – Recife Teatro Alberto Maranhão – Natal Teatro Valdemar de Oliveira - Recife Teatro Deodoro – Maceió Terras de Santa Fé – Gravatá Memorial Pe. Cícero – Juazeiro Festival de Artes de Areia - PB
Sem falar nos shows que faz na Ladeira da Encrenca para: Aderaldo Pé de Rodo, Naninha Gorda, Nenem de Fandinga, Mané Gago, Chico Onça, Cega Damiana, Pêdo Balaeiro, Branca Pereira, Pedro Coisa, Zé Bonzinho, Mané Gaiato, Preto de Paulista Pinto, Severinim Pomba Triste, Buizinha do Oião, Biu Rosemblit, Luiz Perdoe, Nambú de Zoroasto, Tõe Farinheiro e Urêa de Radar.
Este é o Meu Compadre Jessier Quirino, que Deus o abençoe e conserve muito, muito tempo, entre nós!