O Cônsul de Cá
Olhei o meu caderno de louvores,
E encontrei a folha vazia,
Nem lindas palavras nem ‘se faz favores’,
Nem nomeações de nomeada,
Nem de nomeada , nem de nada,
Nem nenhuma assinatura aprovada,
Nem carimbo com o meu nome,
Nem rabiscos , de qualquer diploma.
Meu cartão do doutor,
Constata que meu sangue não é azul,
Não tive a sorte de nascer no sul,
Também não sou da capital,
O que me leva logo um quarto do astral,
E quando me fazem a tabuada à idade,
Colocam mais cinco pontos na caducidade,
E descobriram que meu código postal nem é de cidade.
Perante tanto azar,
Só me deu para rir, e hoje nada de chorar,
Vou nomear-me Cônsul de alguma coisa,
Assino por baixo e carimbo com o meu indicador,
E para que todos saibam ,
Vou publicar o decreto na parede do meu corredor,
Senhor Excelentíssimo Cônsul de Coisa Nenhuma,
E agora assino com minha caneta feita de pluma!
Nenúfar 26/5/2008