Ah, coração fiel que ao meu se doa
neste difícil tempo e tanto engano
de canções de paixão névoa e mudez
de mal saber de si e menos do outro.
Ah, coração fiel e enclausurado
buscando a estrela além de toda dúvida
aquele ponto de luz acessível
à inteireza do sonho e seu desejo.
Invisível à razão que tudo nega
e a encarcerar nas fórmulas tão gastas
o pensamento velho de si mesmo
Estrela, só visível à luz do Amor,
vinda do mais profundo céu ao centro
do coração, impermeável a enganos.
Do livro CRAVO VERMELHO TERNO BRANCO, inédito, em verdade "publicado" para um único leitor, em 1991.