SOPRO ANGELICAL

SOPRO ANGELICAL

Quando ela leva aos lábios

o bastão de prata e vento,

o céu se inclina pra escutar

o seu segredo mais lento.

Seu hálito, um rio de luz,

desliza em notas ao lar,

e cada pérola sonora

me ensina a flutuar.

Ah, que doce tormento,

quando seus dedos tocam,

sobre as chaves do tempo,

e o ar, em seu comando,

vira harpa, vira espanto,

vira um anjo a cantar.

E eu, feito terra sedenta,

bebo o som que ela eleva,

enquanto o coração

do pássaro em seu regaço,

aprende a voz do espaço

e esquece de pousar.