Quando ela leva aos lábios
o bastão de prata e vento,
o céu se inclina pra escutar
o seu segredo mais lento.
Seu hálito, um rio de luz,
desliza em notas ao lar,
e cada pérola sonora
me ensina a flutuar.
Ah, que doce tormento,
quando seus dedos tocam,
sobre as chaves do tempo,
e o ar, em seu comando,
vira harpa, vira espanto,
vira um anjo a cantar.
E eu, feito terra sedenta,
bebo o som que ela eleva,
enquanto o coração
do pássaro em seu regaço,
aprende a voz do espaço
e esquece de pousar.