Me faltam palavras, amor,
me sobra o verbo em flor,
o verso que deságua em teu nome,
o assombro de um coração que tome
teu olhar e, em segredo, me nomeie poeta.
Me falta voz,
me falta a coragem quieta
de dizer que o peito desata
em versos que te assinam,
que te cercam, que te inventam.
Toda rima é tua,
todo verso um fio de ternura
que te costura em meus dias.
E quando calo, é só temor,
que ouças demais o que não falo,
que leias o tremor das minhas mãos,
e as trilhas dos meus silêncios.
Não é que eu não saiba dizer,
é que te amo em excesso
e as palavras, ah, são poucas
para dizer o que sinto em verso.
Se as palavras te alcançar,
olha bem, ele é um disfarce,
um modo covarde de gritar
que até o silêncio sabe.