Em seu quarto submissa
Se prepara para a próxima cena,
Decora seus lábios com carmim
Empalidece sua face
Com o doce pó de arroz
E borrifa seu perfume antigo mel.
No seu instante
Aguça seu pensar
Observando em sua escrivaninha
A porcelana chinesa
Que a acompanha por anos.
Nela está a fissura
E todos que adentram em seu quarto
Não percebem.
Ela está perfeita e se entrega com maestria
Ao prazer de servir
E sua fenda só aumenta.
Quando todos vão embora
A porcelana permanece
Sua obra de arte.
E se arruma novamente meditando
Um dia alguém vai ficar e amar a sua fenda
Assim como ela ama a sua porcelana chinesa.