O italiano gordo era gordo, porque era gordo e era forte. Seus filhos também eram fortes, menos um que não era. Sua mulher era baixinha, era baixinha porque era baixinha,
mas não era gorda e nem forte. O italiano gordo tinha um cachorro, que não era gordo, mas era brabo e forte.
Um dia alguém atiçou o seu cachorro, o italiano gordo,
que não gostava que atiçavam o seu cachorro, como um passo de mágica saltou sobre o balcão e no atiçador deu-lhe um soco, o italiano era brabo e muito forte como o seu cachorro.
Chamaram a Polícia, que não vinha de graça e todos foram à venda do italiano gordo, e lá ficaram, a polícia se ria, bebia e todos se deliciavam da cara quebrada do atiçador.
O Italiano vivia da sua venda, vendia de tudo um pouco e via dois amores que se construíam à sua frente, olhava-os e não os entendia, e tudo se desmoronava na vida que ainda tinha.
-Seu filho caçula que não era gordo e nem forte, aos olhos do pai, o Italiano gordo, seguia caminhos tortos.
-Sua filha que era gorda e forte, não se decidia.
-Seu primogênito, gordo, forte e diferente, nada fazia e só
de filhos se enchia.
O italiano e sua baixinha os amavam tanto, mas no dia de Santo Antonio, o italiano gordo, que era brabo e forte, perdeu a batalha, deixando a todos órfãos para viverem as suas próprias vidas.
No ano seguinte, como se estivesse em algum lugar escrito, no dia de Santo Antonio, sua baixinha, que não era gorda e nem forte, fechou a venda, encerrou os olhos e como uma brutal coincidência, da vida se despedia.