Se não fossemos tão felizes, se não fossem as coisas que jamais esqueci, tudo seria tão inútil, tudo seria tão ridículo.
E se eu dissesse que nos dias em que lá vivi, os meus olhos não viram um sorriso que brilhava tanto quanto a luz do sol, melhor do que os que víamos nos filmes, descaradamente, estaria a mentir, e mesmo não sendo dali, naquele rosto, eu vi.
- e tudo era tão embrião, ainda não flor, tão botão.
Oh, Meu Deus! Se não fossemos tão felizes, se não fossem as coisas que jamais esqueci, tudo seria tão inútil, tudo seria tão ridículo, nos dias em que lá vivi.
Embora o tempo seja apenas uma nuance, um pequeno detalhe,
prende-nos às coisas simples, simples como nossas investidas, simples como nossas vidas, como as casas pequeninas com suas paredes caiadas e seus rebocos à vista, simples como os cadernos jogados no chão frio, enquanto brincávamos como crianças no azul e branco de nossa escola,
- chão de terra, chão de terra batida.
Oh, meu Deus! Se não fossemos, viveríamos a nos olhar apenas em nossas ruas estreitas, a dividir os nossos sonhos com as esquinas, sonhos que seguiam largos e ao mesmo tempo empoeirados com nossas dúvidas, deixando nossos pés, mãos, corpos aquecidos, e tudo se passava tão perto e cada vez mais perto,
- mas tudo era tão embrião, ainda não flor, tão botão!
Nos dias em que lá vivi, como se fosse um dia de festa, só o grito do Carteiro mudava a atmosfera monótona daquele lugar, fora isso, tudo crescia à revelia e sem saber de nada, o que nos tocava só ladeava as nossas vontades,
- e tudo era tão embrião, ainda não flor, tão botão!
Oh, Meu Deus! Se não fossemos tão felizes, se não fossem as coisas que jamais esqueci, tudo seria tão inútil, tudo seria tão ridículo, nos dias em que lá vivi.