Existiu um tempo em que os poetas e os boêmios saiam pelas ruas na madrugada, falando versos, cantando em serenata nas janelas. Conta-se que a moça, acendia a luz do quarto. Era o sinal de que estava ouvindo a canção!
Conta-se que a vida era mais bela!
O BOÊMIO
(Ivan Siqueira)
A lua escolhe você
e onde houver uma madrugada
uma rua deserta e um violão que toca
sua alma está capturada.
O que você encontra no chão
são bingas de cigarro
de alguém que ali passou primeiro.
O cachorro que late ao longe,
o apito de um guarda distante,
e o copo é o único companheiro.
Uma canção é a hora dolorida,
é assim que é feita sua vida,
sempre a espera de um alguém
que peça "A Volta do Boêmio"
ou "A Noite do Meu Bem".
No alto da sacada,
no coração de uma mulher triste,
há algo que diz que o amor existe,
e você, o boêmio,
é o único que sabe que não,
ou pensa que o amor só exista
na letra de uma canção!
E, aí, o boêmio canta.
Canta juras de amor,
canta cantos de paixão.
Não é você quem fala,
quem fala por você é o seu coração!
Os olhos nos olhos da lua,
as mãos no seu violão.
O paraíso é a noite, é a rua,
você, de verdade, não existe,
quem existe é sua emoção!
E cantando assim pelas ruas
lá vai o boêmio, coitado,
o boêmio e o seu violão,
lá vai ele apaixonado,
carregando inspiração!
E aí ele canta com a alma,
porque sabe que o amor que ele canta
é maior do que diz a letra de qualquer canção!
E quanto mais lindo ele canta
maior é a sua dor...
Ou, canta, porque ama demais,
Ou, porque perdeu seu amor!
(OUÇA O ÁUDIO)