Quem acena a dor esconde
A palma que movimenta
A alma está sangrenta
O riso que sabe-se onde
Se sabe me responde
Nem tudo é fauna e flora
Te apruma e revigora
No canto desfaz o drama
Mantém a última chama
Da noite és tu senhora
A chama que arde no peito
Outrora enorme labareda
Fina flor pele de seda
Pálida no sentir rarefeito
Encaro teus olhos sem jeito
Límpida lágrima que chora
Lembrança que me devora
Profunda dor que consome
Segue tua vereda e some
Da noite és tu senhora
A fonte que se derrama
Declama doce e calma
Saciando a tua alma
Na tua paixão insana
Que devora e inflama
Entre o ficar fostes embora
Pela vida destino afora
Volta estrela pura
Incandesce a trilha escura
Da noite és tu senhora
A poesia se fez materna
Confortando a rima fria
Expulsando a nostalgia
Com sua beleza eterna
A tristeza hoje inverna
O ser deserto reflora
No instante da última hora
Brilhou na minha agonia
O sol que se escondia
Da noite és tu senhora
Assim o infinito descoberto
Na glosa da poesia
Do real a fantasia
Entre o certo e o incerto
Ante o febo boquiaberto
Não me negues o teu agora
Banhada de absoluta aurora
Vês a lua como flutua
Enxuga tua pele nua
Da noite não és mais senhora.
Dedico este singelo poema à minha querida e doce amiga Aparecida Ramos que embeleza e perfuma este Recanto com suas pérolas poéticas.