Dizias a mim, amiga: Não uso em vão
o nome do meu amigo.
Digo a mim mesma: Pudera usar o nome
do meu amigo
degustar o seu mel
para fora
da boca
no ar tornado
PÁSSARO
entornado
vinho
o nome em que não cabeis
mas vos diz.
Rosa Raimundo Itabira
o nome da cidade
onde nasceu Shakespeare.
Vosso cheiro independe do vosso nome
mas vosso nome evoca vosso cheiro.
Gosto de desmembrar-lhe as letras
as sílabas
com delícia
pétalas
bem-me-quer
mal-me-quer
alcachofra.
Vosso acento agudo punhal e gozo
vosso modo de começar o mundo
alfabeto
vosso modo de rimar o dia e a noite
estrela d' alva
estrela vésper.
Nomes são vãos onde as coisas não cabem.
Cabeis no vosso nome e não
e nunca
por isso choro. Pudera ao menos usá-lo
em vão.
Tu que o podes, amiga,
não o fazes.
Penso em nossos tesouros
penso em ti e em mim
guardiãs
por motivos diversos.
Penso no gozo que me preencheu
mas nunca me bastou
vosso nome assim degustado em silêncio.
Penso em praças avenidas alamedas por onde
vosso nome ecoaria
assim vento
assim flor
assim cântico.
QUERIA PARA MINHA IGREJA O MUNDO TODO.