Três pássaros
esvoaçam por minha alma.
O primeiro disse-me ontem:
Eu te amo.
Curvei-me, desde as raízes,
à sua declaração tardia.
Curvei-me, desde as raízes,
ao seu amor de sempre
interdito até ontem.
Três pássaros
esvoaçam por minha alma.
O segundo,
companheiro de jornada,
perdidos seus meninos
para Plano Diverso
partiu de mim
parti dele
para o cumprimento
de outros
meus e dele
deveres sagrados.
Três pássaros
esvoaçam por minha alma.
O terceiro
refugiado está
desde sempre
no Silêncio do seu País
na Saudade do País
desde sempre interditado
para nós.
A paineira
diante da janela...
A paineira
testemunha da minha vida...
Neste início de outono
só suas flores primeiras
me confortam
da partida
desses pássaros.
Poema escrito em 23 de março de 2008, Páscoa.