“Coração de Cinzas”
Sob o céu que chora fumaça,
A terra geme em silêncio.
No coração do fogo, uma vida se desfaz,
Asas queimadas, patas que nunca mais correrão.
A floresta, outrora verde,
Agora é um deserto de cinzas.
O rio, que cantava às margens,
Engasga-se em sua própria dor.
O vento carrega o lamento,
De árvores que não se curvaram, mas caíram,
De ninhos vazios, promessas de vida
Que jamais conhecerão a luz do dia.
Homens de olhos secos,
Com corações endurecidos,
Queimam o futuro por moedas brilhantes,
Ignorando o sangue que escorre invisível.
Mas as cinzas, um dia, se erguerão,
Clamando justiça ao céu escurecido.
E os corações, endurecidos pelo aço,
Serão tocados pelo fogo que eles mesmos acenderam.
Não haverá paz nas noites quentes,
Enquanto o fogo devorar os sonhos.
Não haverá descanso,
Enquanto a terra não for mais do que memória.
Que o calor das chamas desperte,
O frio nas almas adormecidas.
Que o coração de cinzas renasça,
E da destruição, nasça a vida.
Astir*Carr
26/8/2024