Abro a janela debruçada sobre o rio
Os gerânios que plantei, estão florindo!...
Sorriem para mim
Tal e qual imaginei que seria
As mesmas gaivotas cantadeiras!...
Revoando sobre o Tejo como D.Amália cantou.
O mesmo Tejo que Carlos do Carmo exaltou,
Até as docas e vagas contou!.
Contou e não encontrou o número certo dessa agonia,
Que é saber de Lisboa o máximo que ela tem.
É andar de dia
E à noite cantar o fado!...
O que me traz aflição?
É de fato o pequeno almoço brejeiro?
Ou o fado que trago na memória
Que passamos a noite a cantar?
Silêncio vai cantar o Fado!
Seguem-se as múltiplas emoções!...
Da voz, da interpretação e da figura em ação!
O xaile preto? É marca desta forte canção!
O xaile que age como um selo,
O vinho não falta sobre a mesa,
As guitarras choram a tocar,
O fado é uma vida a desfolhar-se.
O Tejo banha Lisboa
Subidas e descidas, narinas impregnadas,
Com o cheiro que tem Lisboa,
Varinas cantam para seu peixe entregar
É a emoção que nos toma o coração
Quando abro a janela
E debruçada sobre o Tejo
Vejo Lisboa acordar!
Publicado no livro Cantos do Mundo, Antologia com 18 autores publicada por Abrali editor