O Teu Notável Epílogo

Prefácio - O Sonho:

"Você acha que nossas vidas um dia vão se encontrar?"

Ou eu talvez já seja parte inegável sua.

Você só não quis aceitar essa realidade ainda...

PRÓLOGO - E Este Amor Tem Que Acabar

No primeiro dia que te vi,

nossos olhares se cruzaram

como um choque de entidades cósmicas.

No início, não reparei na cor de seus olhos

ou sua tendência a sorrir.

Na segunda vez que

nossos olhares se cruzaram.

Um sentimento estranho me tomou

e eu apenas desviei o olhar.

Sem saber, que meu coração já estava tomado...

Já na última vez,

foi como a primeira.

Era como se cada partícula do cosmos

gloriosamente decaísse em feixes de energia

e frequências mínimos, como o vácuo da própria existência.

E o universo tivesse se esvaído de si mesmo.

Ou quem saiba o bom Deus,

tivesse rido de sua própria graça.

Uma sinfonia arranjada,

tons de azul por todo tempo.

Eu senti um aperto,

como se quisesse puxar sua mão,

e abracasse forte seu corpo

para perto do meu.

Mas você pegou um avião

e desde então...

Talvez eu estivesse mentindo para mim mesmo,

que não me importava.

Mas e se você tivesse ficado,

será que realmente teria feito alguma diferença?

BROTO - SOU CATIVO AO TEU OLHAR AZUL

O teu notável epílogo

eram como artimanhas engenhosas

ou idiossincrasias facilmente descartáveis.

Isso é, enquanto eu lia o prefácio.

E eu me habituei a esse estado de espírito.

Me perdoe, eu estou dormente.

E eu não faço por mal.

E durante o domingo

eu parecia nem sequer existir.

O tempo ocioso me passa,

introversões até a meia-noite.

Mas se eu passar, me embebede

ou jogue o cálice fora.

Eu estou aguardando o que pode ser

minha última oportunidade de ir embora.

E eu nunca olharia nos seus olhos novamente,

só para dizer tal coisa.

Repita após mim:

Felicidade é apenas um hábito.

Eu vejo o que a pessoa no espelho diz

mas não sei se consigo acreditar.

Meu cabelo está desgrenhado,

os olhos embargados e sonolentos.

Eu olho para ela,

mas era só parte de mim mesmo.

Talvez fosse só parte de mim,

e eu sempre fui eu mesmo,

mas nunca me reconheci.

Como uma péssima desculpa para flertar

com o abismo do inconsciente

ou para fugir do mundo real.

Há um barulho que cega,

enquanto arde e queima.

Estou colocando para fora

palavras de alguém dormente,

enquanto formato um parágrafo

são poemas decadentes.

Eu posso me imaginar daqui a 10 anos,

em qualquer lugar do mundo

onde eu não saiba a língua dos meus conterrâneos,

segurando a porta para alguém apressado.

O tempo que distoa da última vez que te vi,

e embora com todas minhas razões,

você não pensou muito.

Acatou o que eu disse como um cão,

se virando e foi.

E eu nunca mais te vi.

Naquela mesma noite,

eu me reparava no espelho,

eu envelheci uns cem anos.

Pensando se deveria te ligar,

muito embora eu achasse que o melhor a se fazer

era deixar que o tempo resolvesse as coisas.

EPÍLOGO - REPITA APÓS MIM

Pelos anos seguintes,

eu vivi à mercê de uma memória estranha

e evocativa, como se faltasse algo em mim.

Eu pintava os meio-fios com meus passos.

Não posso dizer que senti sua falta,

mas o seu nome estava escrito

no meu grande salão de dúvidas.

Onde está você?

É fácil te encontrar?

Ou você mesmo se esconde?

Será que é melhor deixar você por aí?

E se você tiver seguido com sua vida.

Eu não sou assim.

Repita após mim:

Amor é uma decisão.

Eu estou ardente em febre,

como sempre enfermo.

Cinco anos, dez meses e alguns dias

se passaram desde que você se foi,

e eu ainda me vejo preso

entre o passado e o presente,

navegando por memórias

que queimam como brasas.

E, talvez, a resposta esteja

não na procura por você,

mas na aceitação de que a vida

é feita de epílogos notáveis

e novos começos.

Repita após mim:

"Eu sou parte da sua vida"

Mas é que eu não pude

assumir essa realidade ainda...